O primeiro mês de Connor Bedard na NHL

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A jornada de Connor Bedard na NHL não poderia ter iniciado de forma mais emblemática: um face-off contra um dos maiores jogadores de hóquei da história, Sidney Crosby, do Pittsburgh Penguins, no dia 10 de outubro de 2023. Curiosamente, o capitão dos Penguins foi selecionado como primeira escolha geral em 2005, poucos dias após o nascimento do jovem canadense.

A estreia de Bedard na liga foi tímida, com apenas uma assistência secundária no gol de Ryan Donato, porém logo no próximo jogo, contra o Boston Bruins, o jogador marcou o seu primeiro gol pelo time e desde então, vem se deslanchando no gelo como se fosse veterano. 

O NASCIMENTO DA ESTRELA

Natural de North Vancouver, o jovem canadense foi eleito o jogador mais valioso durante o período em que jogou com os times juniores sub-15 e sub-18 da West Vancouver Academy da Liga Canadense de Hóquei Escolar Esportivo. No ano de 2020, Bedard foi selecionado em primeiro lugar pelo Regina Pats da Western Hockey League (WHL) após ser o primeiro atleta a receber o status de jogador excepcional da Associação Canadense de Hóquei, e assim, o jovem de 15 anos a época, foi permitido jogar na liga contra jogadores de até 20 anos. 

Apesar da sua temporada de estreia ter sido diminuída em decorrência da pandemia, em apenas 15 jogos ele marcou 12 gols e teve 16 assistências, e conquistou o Troféu Jim Piggott Memorial como estreante do ano da WHL. Terminou a temporada seguinte com 100 pontos, sendo 49 assistências e 51 gols, se tornando o jogador mais jovem a marcar 50 gols ou mais em uma temporada regular.  

Já em 2022-2023, em sua última temporada na WHL, Bedard teve um dos desempenhos mais impactantes vistos em uma liga júnior. No decorrer da temporada regular, ele acumulou 143 pontos em 57 jogos, e nos playoffs, foram 20 em 7 jogos. Ele também foi premiado com o Troféu Bob Clarke por ser o artilheiro da liga em seu terceiro ano e recebeu o Troféu Memorial Four Broncos como melhor jogador. 

Representando o Canadá, Bedard ganhou campeonatos com a seleção canadense sub-18 em 2021, e com a seleção canadense júnior, foi ouro em dois anos seguidos nas edições do Campeonato Mundial Júnior. Ele foi eleito o melhor jogador da edição de IIHF de 2023 e também conquistou o prêmio inaugural de Jogador Masculino do Ano da Federação Internacional de Hóquei no Gelo. 

Antes mesmo de estrear na NHL, o status de Bedard já poderia ser considerado de ícone nacional. O impacto do jogador ressoava pelas arenas em que ele passava, os seus jogos pelo Regina Pats começaram a bater recorde de público, e receberam números ainda maiores após o seu desempenho no Mundial Júnior de 2023. O New York Times publicou sobre o perfil do atleta ainda em 2022, durante o draft anual da NHL, detalhando que ele seria a próxima grande estrela da Liga e estava preparado para o seu momento. 

Não restavam dúvidas de que o fenômeno seria selecionado como primeira escolha geral no draft a ser realizado em Nashville em junho de 2023, e o Chicago Blackhaws foi o grande afortunado a ganhar a loteria em maio para selecioná-lo como principal estrela de sua reconstrução. 

O PRIMEIRO MÊS NA LIGA

Os números de Bedard até o momento consistem em 13 pontos em 13 jogos. Com 9 nove gols e 4 assistências, o jogador demonstra uma maturidade assustadora e não esconde que é confiante no seu próprio talento e habilidade. Em poucas partidas, ficou nítido como o seu manuseio do disco é diferente, na proporção em que ele carrega o puck e adapta a postura corporal para realização do disparo. O seu disparo, inclusive, foi objeto de inúmeras análises durante o seu período nas ligas menores e a expectativa foi mantida após sua estreia. Ele é um patinador certeiro e coloca todos os discos onde quer com muita facilidade, além de deter forte controle do seu pulso. 

De acordo com as estatísticas da NHL, a maioria dos seus gols estão nascendo de áreas de disparo de médio alcance e seu tempo de gelo é o terceiro nos Blackhaws, com uma média de 19 minutos e 27 segundos por jogo, atrás apenas de dois defensores.

Nos primeiros jogos por Chicago, era nítido como o central buscava os companheiros de time para servi-los com assistências, mas em pouco tempo, Bedard entendeu que poderia criar suas próprias oportunidades e demonstrou não ter medo de se desvencilhar de defensores adversários para continuar suas jogadas. Ele fez isso contra o experiente Victor Hedman na vitória do time contra o Tampa Bay Lightning por 5-3, em que teve 2 gols e 2 assistências, e poucos dias depois contra o Florida Panthers, ele marcou outros 2 gols, após construir o seu espaço dentro da área de defesa do outro time, conseguindo encontrar a rede nas menores superfícies.  

O QUE ESPERAR NO FUTURO

Considerado um dos maiores talentos no hóquei no gelo da nova geração, Connor Bedard tem como sua principal característica o domínio excepcional do disco, e para compensar sua baixa estatura, o jogador é criativo ofensivamente, além de ser conhecido por trabalhar sua versatilidade nas jogadas. Ele é extremamente competitivo, e nas palavras dos seus companheiros de time, ele precisa ser praticamente arrancado do gelo, pois gosta de aperfeiçoar os seus disparos e diferentes ângulos de jogadas constantemente depois dos treinos.

Os Blackhaws estão em reconstrução e a jornada do time continuará inconsistente por um bom tempo, porém Connor Bedard está fazendo o seu melhor para ser o vislumbre de esperança tão almejado. O jovem não tem medo de aprender, e parece que já aprimorou suas melhores habilidades em poucas semanas, combinando sua consciência e potência de passe, encontrando companheiros de linha aberto ao criar chances de gol, não tendo medo de intensificar o seu ritmo e velocidade, características presentes em jogadores de forte disparo como Nathan Mackinnon do Colorado Avalanche, por exemplo. 

É inevitável que a chegada de um dos maiores prospectos da história recente do hóquei gera uma comoção, mas a responsabilidade não parece atingir Bedard. Talvez uma comparação para o seu nível de talento e controle de disco no gelo, seja o campeão do mundo, Lionel Messi. O argentino é conhecido por sua agilidade e condução de bola, na mesma medida em que Connor Bedard possui uma habilidade singular para guiar e arremessar o disco, e não precisa de muitas oportunidades para realizar os disparos, quando consegue conduzi-lo sem dificuldades. Se ele está desenhando jogadas incríveis em menos de 50 dias na liga, o que conquistará quando chegar na sua forma mais letal de adaptabilidade?

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