Ser mulher e produzir conteúdo sobre hóquei

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O mundo dos esportes sempre foi predominantemente masculino, e as mulheres lutaram para conquistar seu espaço nessa área. No começo, nas Olimpíadas, só homens participavam e elas nem podiam assistir, mas isso foi mudando aos poucos. As mulheres foram conquistando seu merecido espaço no mundo dos esportes. Hoje em dia, com categorias femininas nascendo cada vez mais, muitas mulheres apaixonadas por esportes passaram a trabalhar nessa área, não só como atletas, mas também como repórteres, apresentadoras, comentaristas e juízas. Mesmo com esse espaço, ainda sim é difícil. 

No hóquei, a primeira, e até hoje única, mulher a jogar na NHL foi Manon Rheaume, que assinou um contrato com o Tampa Bay Lightning e poucos meses depois fez sua estreia em um jogo de pré-temporada. Isso sim, foi uma grande mudança que abriu portas para as mulheres no esporte. 

(Foto: Reprodução/SportsNet)

A primeira mulher a comentar um jogo dos playoffs da Stanley Cup foi A.J. Mleczko, que é ex-jogadora da seleção dos Estados Unidos, não foi algo rápido: ela demorou 10 anos. Até então, ela já havia trabalhado por 13 anos como analista de jogos internacionais femininos, jogos universitários masculinos, além de hóquei de trenó e hóquei de campo olímpico. A.J. disse que esperava que um dia houvesse uma presença feminina na cabine de hóquei, mas não esperava que fosse ela. 

(Foto: Reprodução/ Boston.com)

Hoje em dia, os espaços para as mulheres aumentaram nessa indústria, mas ainda assim duvidam da nossa capacidade de entender e falar sobre esse assunto. Eu, como uma mulher que produz conteúdo de hóquei e gosta muito de esporte, já ouvi: “ Você só gosta dos homens, né?” ou “Você nem sabe do que você tá falando” ou vejo a cara de surpresa quando as pessoas percebem que eu sei do que eu estou falando. 

Em uma entrevista para o Aspen Institute em 2019, perguntaram à co-apresentadora Cari Champion: “Em uma profissão tão exigente, como você se mantém motivada?”. A resposta dela foi: “Eu constantemente tenho uma narrativa em minha mente que diz que eu tenho que ter sucesso não importa o que aconteça. Eu busco dentro de mim para encontrar motivação para ser a melhor versão de mim mesma e busco inspiração em outras pessoas bem-sucedidas.” As mulheres têm sempre que se dedicar mais do que qualquer outro profissional, não basta ser boa, elas têm que ser incríveis.

 

(Foto: Reprodução/Prime Video)

Outra pergunta que foi muito impactante e que prova esse ponto, foi: “O que você diria às jovens que desejam trabalhar no mundo dos esportes?”. A resposta de Cari foi: “Eu acho que você tem que ser melhor do que todo mundo. Melhor do que seu colega homem. Você tem que ser excelente e tem que querer fazer isso pelos motivos certos. Não se trata apenas da ideia de estar perto de atletas famosos; trata-se de ser capaz de se conectar de uma forma que seja representativa de quem você é como pessoa, mas também ser capaz de falar pelo espectador que não pode falar por si mesmo. Então, você tem que ser capaz de traduzir a experiência — aquela experiência de fã. Pode ser difícil, porque como mulher você tem uma margem muito pequena para erros. Se você cometer um erro e seu colega homem também cometer, você será castigada por muito mais tempo. Você não terá tanta liberdade para cometer muitos erros, ao contrário do seu colega homem, então é por isso que você tem que ser excelente em tudo o que faz.” 

O mundo está mudando, mesmo que algumas pessoas insistam que esporte não é coisa de mulher, mas é, SIM. E essas mulheres incríveis nos mostraram que é possível, muitas vezes não vai ser fácil, mas nós vamos chegar lá. 

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