
A luta das mulheres pelo reconhecimento no hóquei
A história das mulheres no hóquei no gelo é uma narrativa rica e complexa, marcada por desafios, conquistas e uma paixão inabalável pelo esporte. Desde os primeiros registros no final do século XIX até os dias atuais, as mulheres têm lutado arduamente por reconhecimento e igualdade no mundo do hóquei.
As origens e Lady Isobel Stanley
Uma figura central nas origens do hóquei feminino é Lady Isobel Stanley, filha de Lord Stanley, o 16º Conde de Derby e Governador Geral do Canadá. Nascida em 2 de setembro de 1875, em Londres, Lady Isobel foi uma das primeiras mulheres europeias conhecidas por jogar hóquei no gelo. Durante a estadia de sua família no Canadá, ela não apenas adotou o esporte, mas também desempenhou um papel crucial em sua popularização entre as mulheres.

Lady Isobel Stanley (de branco) jogando hóquei no gelo com outras mulheres. Reprodução/Library and Archives of Canada
Fotografias de 1890 a mostram jogando hóquei no gelo, evidenciando seu pioneirismo em uma época em que o esporte era dominado por homens. Sua influência foi tão significativa que o troféu da Premier Hockey Federation (PHF) foi nomeado Isobel Cup em sua homenagem.
Primeiros passos e desafios iniciais
Enquanto o hóquei masculino rapidamente ganhava destaque na América do Norte, as mulheres enfrentavam um caminho mais árduo. O primeiro registro de uma partida feminina data de 11 de fevereiro de 1891, em Ottawa. No entanto, essas partidas eram frequentemente vistas como curiosidades, e não como competições legítimas. A falta de ligas organizadas, patrocínios e apoio institucional dificultava o desenvolvimento do esporte entre as mulheres.
Reconhecimento internacional
A oficialização do Campeonato Mundial Feminino de Hóquei no Gelo pela IIHF ocorreu apenas em 1989, destacando a demora no reconhecimento do esporte feminino em nível internacional. O torneio inaugural foi sediado no Canadá, com a seleção anfitriã conquistando a medalha de ouro ao vencer os Estados Unidos por 5 a 2 na final.
A estreia do hóquei feminino nos Jogos Olímpicos de Inverno aconteceu em 1998, em Nagano, Japão. Apesar do domínio canadense nas competições anteriores, os Estados Unidos conquistaram a medalha de ouro, tornando-se a primeira equipe campeã olímpica da modalidade.
Pioneiras e modelos de inspiração
Ao longo dos anos, várias atletas se destacaram e abriram caminho para as futuras gerações. Manon Rhéaume fez história em 1992 ao se tornar a primeira mulher a jogar em um time da NHL durante um jogo de pré-temporada pelo Tampa Bay Lightning. Hayley Wickenheiser, considerada uma das maiores jogadoras de todos os tempos, participou de cinco edições dos Jogos Olímpicos de Inverno e, em 2019, foi introduzida no Hall da Fama do Hóquei, sendo a sétima mulher a receber essa honra. Atletas contemporâneas como Hilary Knight lideram movimentos por igualdade de gênero no esporte, utilizando suas plataformas para promover mudanças significativas. No Canadá, figuras como Marie-Philip Poulin não apenas brilham nas competições internacionais, mas também são vozes ativas na promoção do hóquei feminino e na busca por condições equitativas para as jogadoras. Essas mulheres, entre tantas outras, têm sido fundamentais na transformação e evolução do hóquei no gelo, garantindo que o esporte seja mais inclusivo e justo para as futuras gerações.
Desafios das ligas femininas
Antes da criação da Professional Women’s Hockey League (PWHL), as ligas femininas enfrentaram inúmeros desafios. A Canadian Women’s Hockey League (CWHL), fundada em 2007, encerrou suas operações em 2019 devido a dificuldades financeiras, ressaltando a fragilidade das estruturas existentes. A National Women’s Hockey League (NWHL), posteriormente renomeada para Premier Hockey Federation (PHF), também enfrentou problemas financeiros e falta de patrocínios robustos, culminando no encerramento de suas operações.
A nova era com a PWHL
A criação da PWHL representa um marco na busca por igualdade e reconhecimento no hóquei feminino. Com uma estrutura profissional sólida, a liga busca garantir que meninas que sonham em jogar hóquei saibam que têm um lugar no esporte, tanto quanto qualquer menino. A luta das mulheres no hóquei no gelo reflete a busca por equidade em todos os campos, mostrando que o esporte e o mundo só têm a ganhar quando todos têm a chance de jogar.

As representantes de cada um dos seis times inaugurais da PWHL. Reprodução/PWHL
A trajetória das mulheres no hóquei no gelo é uma história de resiliência, paixão e determinação. De Lady Isobel Stanley às atletas contemporâneas, cada geração contribuiu para a evolução e reconhecimento do esporte, pavimentando o caminho para um futuro mais inclusivo e igualitário no hóquei.
Palestina-brasileira. Professora, torcedora do St. Louis Blues e fã de tênis, café, true crime e dos meus seis pets. Artista e nadadora por hobby.
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Sobre o Tic-Tac-Gol!
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assim como disseminar sobre o esporte para o público brasileiro.
O podcast Tic-Tac-Gol! surgiu em 2021, antes do portal que temos hoje, e foi o primeiro podcast sobre o esporte feito apenas por mulheres! Ao longo desses anos, o Tic-Tac-Gol! passou por várias mudanças e caminha para se tornar um dos principais portais sobre hóquei no Brasil. Após a transformação do podcast em um portal efetivamente, passamos por várias reformulações, novos integrantes chegaram, e em contrapartida outros deixaram o projeto, sempre deixando contribuições valiosas para o portal ter chegado onde está hoje.