A trade deadline se aproxima e todos os anos, muitos times se perguntam: “será a nossa vez de vencer?” E essa pergunta tem apenas duas respostas fixas e várias ramificações, mas só um é o grande premiado com a taça Stanley no final. E todos só avaliam as maiores trocas da trade deadline da história ocorrem quando a temporada termina, fazendo com que todo ano tenha sempre essa trade com apenas e somente apenas um resultado é possível: a taça.

Mas como saber se essas trades realmente são as mais importantes? Quando os envolvidos são protagonistas nos times envolvidos e seu rendimento é mais do que essencial para os campeões. Muitas vezes nem sempre os protagonistas são protagonistas de fato, mas uma mudança de ambiente pode acender uma faísca épica, onde as lendas são feitas.

E com isso fica a mensagem: só valeu a pena se o título veio e em todas elas, esse é o fator importante para compor essa lista. Não existe uma ordem específica, pois muitas vezes as estatísticas acabam sendo subjetivas e os envolvidos podem ser apenas one-hit wonder. Sem mais delongas, que rufem os tambores.

Chris Pronger no Anaheim Ducks (2006)

Ducks recebeu: Chris Pronger

Oilers recebeu: Joffrey Lupul, Ladislav Smid, escolha de primeira rodada de 2007 (Nick Ross), escolha de primeira rodada de 2008 (Jordan Eberle) e escolha de segunda rodada de 2008 (Travis Hamonic)

Anaheim havia chegado em 2003 na final e fez o campeão New Jersey Devils suar sangue para ser campeão em sete jogos, incluindo um dos casos raríssimos do MVP dos playoffs ser do time derrotado (Jean-Sébastien Giguère). Sabia-se então que a janela de título da equipe estava aberta. Problema foi quando a liga entrou em greve na temporada 2004-05 e isso despertou uma urgência no general manager Brian Burke, ainda mais depois que os Patos caírem na final da conferência oeste em 2006.

Um dos nomes importantes naquela série foi Chris Pronger e na deadline seguinte, Burke lembrou disso e então foi buscá-lo em Edmonton. Um defensor elite custa caro, e Anaheim botou o futuro de curto prazo na mesa para isso. Pronger fez uma dupla mais que espetacular com Scott Niedermayer, anotando 13 gols e 46 assistências em 66 jogos na temporada regular mais 15 pontos nos playoffs, liderando a franquia californiana ao título.

Vencer a Stanley é vencer a trade (Crédito: Jim McIsaac/Getty Images)

Ron Francis e Ulf Samuelsson no Pittsburgh Penguins (1991)

Penguins recebeu: Ron Francis, Ulf Samuelsson e Grant Jennings

Whalers recebeu: John Cullen, Jeff Parker, Zarley Zalapsk

Todos se lembram dos Penguins do início da década de 90 como o time espetacular carregado pelo duo de belos mullets e talento imensurável Mario Lemieux e Jaromír Jágr. Porém, muitos esquecem que boa parte da espinha dorsal se formou nesta trade, com o eterno capitão dos Whalers Ron Francis jogando como central da segunda linha e Samuelsson sendo um defensor extremamente físico e dominante, e muitas vezes bem violento (Cam Neely e os torcedores do Bruins que o digam).

Francis não contribuiu muito na regular (dois gols, nove assistências), mas na pós-temporada anotou sete gols, sendo quatro game-winners (gol da vitória), além de 10 assistências e ajudando Pittsburgh a vencer a Stanley Cup em 91 e 92.

Mullets são vida (Crédito: Bruce Bennett Studios/Getty Images)

Ray Bourque e Dave Andreychuk no Avalanche (2000)

Avalanche recebeu: Ray Bourque e Dave Andreychuk

Bruins recebeu: Brian Rolston, Martin Grenier, Samuel Påhlsson e escolha de primeira rodada em 2000 (Martin Samuelsson)

Falando em Bruins, essa trade envolve o time, que em declínio, viu um de seus gigantes que também se aproximava do fim de carreira, pedir uma troca para um contender onde pudesse levantar a Stanley pelo menos uma vez coroando de vez a carreira espetacular que teve.

Esse é um caso específico onde o título não veio na temporada onde a trade ocorreu, vindo apenas na seguinte, com Bourque sendo um dos protagonistas da equipe do estado de South Park, liderando o Avalanche em pontos entre os defensores (sete gols, 52 assistências em 80 jogos; quatro gols, seis assistências nos playoffs) incluindo um game-winner no jogo 3 da Stanley Cup de 2001 e enfim podendo levantar o tão sonhado título da Stanley Cup.

No entanto, o momento mais marcante viria a ocorrer na entrega da taça, onde o capitão Joe Sakic a entregou para Bourque para que ele pudesse ser o primeiro a levantá-la depois de infinitos anos de espera. 

A emoção de uma vida toda (Crédito: John Leyba/ The Denver Post)

Butch Goring no Islanders (1980)

Islanders recebeu: Butch Goring

Kings recebeu: Billy Harris e Dave Lewis

Em termos brutos, essa foi a troca mais importante da história da trade deadline, pois o elenco extremamente forte dos Islanders trocaram pela peça faltante em Butch Goring e fazendo com que a franquia levasse quatro títulos seguidos entre 1980 e 1983.

Além das Stanleys, Goring ainda venceu o troféu Conn Smythe (MVP dos playoffs) em 81 e teve uma temporada onde não teve nenhum minuto de penalidade e por incrível que pareça não venceu o troféu Lady Byng (prêmio para o melhor jogador que apresentou espírito esportivo e cavalheirismo durante a temporada), e anotou 195 pontos (87 gols, 108 assistências) em 338 jogos de temporada regular mais 68 pontos (20 gols, 48 assistências) em 90 jogos de playoffs pela franquia nova-iorquina.

O homem faz a Stanley e a Stanley faz a lenda (Crédito: Bruce Bennett/Getty Images)

Jeff Carter no Kings (2012)

Kings recebeu: Jeff Carter

Blue Jackets recebeu: Jack Johnson (não é o cantor) e uma escolha de primeira rodada condicional (seria do do draft de 2012 se o Kings fosse aos playoffs, se não, seria a escolha de 2013)

Esse é um caso onde apenas a mudança de cenário fez por valer a trade para Jeff Carter e para os Kings como um todo. Menos de dois anos antes, Carter havia assinado um contrato de 11 anos com os Flyers e pouco tempo depois foi trocado para Columbus, onde passou mais tempo machucado do que no gelo. Até que Los Angeles o trouxe e ele foi extremamente importante para a franquia nos títulos de 2012 e 2014, sendo talvez o principal protagonista nas conquistas, marcando oito gols e cinco assistências nos playoffs de 2012, inclusive com um dos gols decisivos nas finais contra os Devils e impressionantes 10 gols e 15 assistências nos playoffs de 2014.

PS: Um pouco antes da troca, Jack Johnson entrou com um pedido de falência após descobrir que seus pais haviam perdido todo o dinheiro ganho pelo jogador até então. A conclusão que tira-se dessa história é que o estado de Ohio é amaldiçoado.

Sorriso de campeão (Crédito: Harry How/Getty Images)

Brett Hull no St. Louis Blues (1988)

Blues recebeu: Brett Hull, Steve Bozek

Flames recebeu: Rob Ramage, Rick Wamsley

Esse é um caso muito bizarro, pois o lado vencedor não conseguiu ser campeão e o lado perdedor conseguiu ser campeão da Stanley Cup no ano seguinte, muito pelo trabalho defensivo de um dos nomes envolvidos na trade. Mas como isso aconteceu, nobre Guilherme? Pois bem, tudo começou com o novato Brett Hull sendo extremamente inutilizado pelo técnico dos Flames Terry Crisp, que não acreditava em Hull sendo um bom patinador e tendo preocupações bem grandes em relação a entrega defensiva do novato. Com isso, o técnico pediu e Hull foi parar em St. Louis.

Ramage foi muito bem em Calgary e foi um dos pilares defensivos da equipe no título do ano seguinte. Só que Brett Hull virou um jogador de Hall da Fama nos Blues: nove vezes All-Star, um troféu Lady Byng, um Hart Memorial (MVP da temporada), 1.269 jogos de temporada regular, 741 gols, 650 assistências, 1.391 pontos totais; 202 jogos de pós-temporada, 103 gols, 87 assistências, 190 pontos nos playoffs.

E o mais incrível disso tudo: St. Louis não foi campeão, incluindo uma eliminação dramática causada por um erro defensivo de um tal Wayne Gretzky (não sei se vocês conhecem). Mas os deuses do esporte foram justos e Hull conseguiu dois títulos, um em Dallas (o gol da vitória/título mais polêmico da história do esporte), outro em Detroit.

“Você me deve um título, Wayne” (Crédito: Michael Desjardins/Getty Images)

Jason Arnott no Stars, Jamie Langenbrunner e Joe Nieuwendyk no Devils (2002)

Stars recebeu: Jason Arnott, Randy McKay e uma escolha de primeira rodada no draft de 2002

Devils recebeu: Jamie Langenbrunner e Joe Nieuwendyk

Esse é um caso onde as duas torcidas odiaram a trade mas só uma delas acabou por sorrir (de novo) no ano seguinte: Stars e Devils fizeram a final em 2000 com New Jersey vencendo em seis jogos e o gol do título na segunda prorrogação do jogo 6 foi de Jason Arnott.

Eis que menos de dois anos depois o mesmo Arnott foi parar em Dallas, então imaginem como a torcida texana reagiu. Arnott foi bem sucedido em Dallas: 79 gols, 105 assistências em 239 jogos de temporada regular. Já do outro lado, a torcida ficou extremamente revoltada com o GM Lou Lamoriello por ter trocado o herói do título de 2000.

Mas como a terra plana que é redonda, não gira, capota, Langenbrunner e Nieuwendyk foram essenciais na conquista da Stanley Cup em 2003 contra o até então Mighty Ducks of Anaheim (por favor Samuelis, voltem com o nome original) e Lamoriello acabou por rir por último nesse caso.

Levantar taça elimina qualquer corneta (Crédito: Doug Pensinger/NHLI/Getty Images)

Chris Chelios no Detroit Red Wings (1999)

Red Wings recebeu: Chris Chelios

Blackhawks recebeu: Anders Eriksson, escolha de primeira rodada no draft de 1999 e escolha de primeira rodada no draft de 2001

Chelios odiava Detroit, disse que nunca jogaria lá, disse que nunca sairia de Chicago e além de tudo era capitão na Cidade dos Ventos.

Eis que um aperto de mãos entre ele e o dono da franquia Bill Wirtz onde o dono afirmava que não o trocaria deixou de ter validade, sendo o sinal verde para que o defensor de 37 anos até então fosse mandado para Detroit, onde acabou tendo um ressurgimento na carreira, não sendo apenas uma voz experiente no vestiário e ajudando a moldar a mentalidade vencedora e que por consequência acabou por levantar dois títulos, em 2002 e em 2008, tamanha a longevidade a qual Chelios conseguiu alcançar nos Red Wings.

Imagem proibida no estado de Illinois (Crédito: Gene J. Puskar/AP Photo)

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