Foto em ação: Connor McDavid, atacante do Edmonton Oilers, com o número 97 no uniforme, manuseia o disco durante partida contra o Vancouver Canucks na Rogers Arena. O jogador, usando uniforme azul escuro, se inclina sobre o gelo; ao fundo, um jogador em uniforme preto tenta interceptar.

McDavid e os Oilers: o que falta para ele se tornar o maior do mundo

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Ele pode valer 20 milhões até o aumento salarial previsto para 2025.

O contrato atual de Connor McDavid acaba em 2026, bem na hora em que o teto salarial da liga chegará aos 100 milhões de dólares. Mas o que faz uma pessoa despretensiosa como ele ultrapassar alas, defensores e goleiros para incendiar partidas inteiras? Aparecer nos melhores momentos de um gol de McDavid, ainda que como o oponente prestes a ser tapeado, é um rito de passagem para qualquer jogador da NHL.

McDavid não corresponde aos padrões estéticos ou carismáticos dos protagonistas de outros esportes. Ele tem 1,85m, bem na média de altura dos jogadores, cabelo ruivo e uma cartela limitada para expressões faciais. Em entrevistas pós-jogo, geralmente após derrotas, o jogador do Edmonton Oilers costuma referenciar com bom humor as expectativas da mídia e acertar no insosso; é piada interna que ele é um robô do hóquei, com respostas prontas e frases feitas. O próprio Connor assume que certas falas são, sim, clichês, mas é o primeiro a assumir essa responsabilidade sem a volatilidade emocional que podemos observar em outros personagens de alto rendimento.

Connor McDavid, aos 17 anos, em ação pelo Erie Otters. Ele veste uniforme azul escuro, laranja e amarelo, com capacete azul e luvas de hóquei,

Connor McDavid (17), em partida do Erie Otters em 2024. Foto: Reprodução/OHL images.

No livro Hockey Confidential (2014), o autor Bob McKenzie descreve a trajetória inicial de Connor. Ele queria sair de casa aos 14 anos e jogar no internato de Shattuck, igual a Sidney Crosby. Depois, queria obter o status excepcional: ser a primeira escolha no draft da OHL aos 15 anos. Quis a medalha de ouro no Mundial Júnior aos 16 anos, a primeira escolha geral no draft da NHL, ganhar a Stanley Cup e ter uma carreira digna do Hall da Fama. McKenzie reafirma: “ele tem essas metas há muito tempo, já patinava com proficiência aos 3 anos de idade”. Os pais de McDavid também descrevem a infância do jogador com certo humor; ele se preocupava quando seus colegas de time jogavam videogames, todos tinham que se comprometer com a vitória.

Connor McDavid foi bem elogiado no Campeonato Mundial Sub-18 para então ser duramente criticado no Mundial Júnior de 2014. Como coloca McKenzie, não há um jovem super astro canadense que não tenha passado por isso. Assim, logo após perder o campeonato da vida dele, McDavid foi homenageado na Calçada da Fama do Canadá na turma de 2023.

“Tudo isso faz parte do teste de resistência pelo qual os jogadores verdadeiramente excepcionais passam,”  disse Bob McKenzie.

Na ocasião de 2023, Paul Maurice chegou a comentar sobre o desempenho de Connor e o que isso significava para o prêmio Hart, dado ao jogador mais valioso de sua equipe na NHL.

“Os números que Connor McDavid está registrando o separam de qualquer outro jogador,” Maurice disse em coletiva de imprensa para uma partida do Panthers. “Pobre Leon [Draisaitl], nem tem seu nome mencionado. Cem pontos e continua anônimo.”

Em resposta a este tweet do jornalista Chris Johnston, um internauta respondeu: “Como é que Connor McDavid sequer é mencionado numa coletiva do técnico dos Panthers antes de uma partida contra os Leafs…?”

Na pós-temporada de 2024, o Edmonton Oilers chega às finais da Stanley Cup pela primeira vez desde 2006. Comparada à regressão de 2023, quando os Vegas Golden Knights acabaram com eles e seguiram para a vitória, voltar de 3-1 e forçar um sétimo jogo é bastante coisa. Mas, ainda não é o bastante.

Eles perderam os três primeiros jogos e evitaram a eliminação; isso é graças a um elenco inteiro, desde os assistentes técnicos até os fisioterapeutas, mas o ritmo ofensivo de McDavid é histórico. Até o jogo quatro, foram 32 assistências nos playoffs, conseguindo o feito de mais pontos acumulados em dois jogos, quebrando o recorde de Wayne Gretzky. Ele também se tornou o primeiro jogador da história da NHL a marcar quatro pontos ou mais em jogos consecutivos nas finais do campeonato.Seus 42 pontos o colocam em quarto lugar de todos os tempos.

McDavid foi premiado com o Troféu Conn Smythe, o jogador mais valioso da pós-temporada. Ainda não foi o bastante. Ele foi a primeira pessoa em mais de 20 anos a fazer isso no time perdedor.

A boa notícia é que essas são as lamentações do ano passado!

Nenhuma outra equipe tem Connor McDavid. A má notícia é que já no finalzinho de outubro, ele lesionou o tornozelo contra o Columbus Blue Jackets (eu sei) e passou três semanas fora. Anteriormente, quando ele lesionou o joelho numa jogada arriscada pela lateral e todo o elenco dos Oilers chorou, rendeu até um documentário.

“Eles me pagam 100 milhões para jogar do meu jeito,” McDavid disse. “(O dono dos Oilers) Daryl (Katz) vai ter que… Eu teria que devolver meu dinheiro se eu parasse de fazer isso. E isso não vai acontecer.”

Connor McDavid (#97/Oilers, uniforme branco e azul) está por cima de Conor Garland (#08/Canucks, uniforme preto e amarelo) durante partida. McDavid, em posição dominante, pressiona Garland sobre o gelo, ambos com tacos de hóquei

Connor McDavid (#97/Oilers) pressiona Conor Garland (#08/Canucks) contra o gelo durante partida entre Edmonton Oilers e Vancouver Canucks. Foto: Bob Frid/Imagn Images.

E qual é a história deste ano, até o momento?

Ultimamente, o fato de McDavid ter dado um cross-check na cabeça de Connor Garland, do Vancouver Canucks, e acabado sendo suspenso por três jogos. Cartão vermelho, Vancouver venceu por 3-2.

Em alguns momentos, McDavid perde a marcha extra. Desgastes e machucados são parte da rotina intensiva de um esporte jogado com facas em movimento sobre gelo. No entanto, é difícil encarar essa realidade quando se trata do jogador número um do mundo. Como diz Draisaitl, “há somente uma única pessoa no mundo que é capaz de realizar esses feitos”.

Dessa forma, agora Leon segue como o favorito para o Troféu Hart, posto que reveza intermitentemente com McDavid desde o início de suas trajetórias paralelas. Eles continuam no ápice de suas carreiras, sem pendências contratuais extremamente preocupantes — até porque, com o aumento previsto, é esperado que Connor esteja adentrando a casa dos 20 milhões.

O que podemos esperar para o futuro? O palco internacional aguarda os jogadores da NHL, com o torneio Four Nations Face-Off e Gary Bettman autorizando o crossover com as Olimpíadas de 2026 e 2031. Esta é a primeira vez que Connor joga internacionalmente desde o Mundial da IIHF de 2018.

Com três gols e cinco pontos em quatro jogos, ele termina o Four Nations como o segundo maior pontuador, assegurando sua primeira medalha de ouro internacional desde 2016 e a primeira em um torneio ‘best-on-best’ a nível sênior. Sua atuação na final, com o gol decisivo contra os Estados Unidos, lhe rendeu a condecoração de Jogador da Partida.

Desde a temporada 2016-17, McDavid lidera a NHL em assistências (663) e pontos (1.004). O segundo maior total de pontos pertence a Leon Draisaitl (869), seu companheiro de equipe e padrinho de casamento.

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