
Foto: Reprodução/ Sports Keeda
Crosby e Ovechkin: como dois calouros salvaram a NHL
Em 2005, a NHL estava em crise. Após uma temporada inteira cancelada por uma greve trabalhista, a primeira vez que uma das quatro grandes ligas norte-americanas perdia um ano inteiro de temporada, a liga retornava cercada de incertezas. Os fãs estavam desmotivados, os patrocinadores cautelosos, e o nível de interesse pelo hóquei profissional estava em declínio. Foi nesse cenário sombrio que dois jovens chegaram à liga, carregando nos ombros mais do que apenas as expectativas comuns de calouros. Sidney Crosby e Alexander Ovechkin não sabiam ainda, mas estavam prestes a se tornar os protagonistas da era moderna da NHL e, de certo modo, seus salvadores.
Ovechkin on if he is friends with Crosby now: “Yes. Best friends.” pic.twitter.com/yuMG1EUj7r
— Pittsburgh Penguins (@penguins) January 30, 2017
O momento perfeito para os jovens astros
🚨ON THIS DATE IN 2005🚨
The @penguins chose Sidney Crosby with the 1st overall pick in the 2005 NHL Draft. pic.twitter.com/ZYbqc8YgC6
— NBC Sports Hockey (@NBCSportsHockey) July 30, 2019
Ovechkin havia sido escolhido como a primeira seleção geral do Draft de 2004 pelo Washington Capitals, mas o lockout da temporada 2004-05 adiou sua estreia. Já Crosby foi selecionado em 2005, como primeiro geral pelo Pittsburgh Penguins, em uma loteria do Draft especialmente realizada após a paralisação, e que muitos fãs chamam até hoje de “a loteria de Crosby”.
A NHL precisava de ídolos jovens, carismáticos, capazes de atrair uma nova geração de torcedores. Os veteranos que dominavam a liga na década de 1990 estavam envelhecendo. O jogo era criticado por ser travado, com poucas emoções ofensivas, e a NHL sabia que precisava se reinventar. Crosby e Ovechkin chegaram em um momento onde havia espaço, e principalmente necessidade que novas estrelas surgissem rapidamente.
Estilo de jogo diferentes, mas o mesmo impacto no gelo
Desde o início, era impossível ignorar a diferença de estilo entre os dois. Sidney Crosby, o garoto-prodígio, era um central cerebral, habilidoso, obcecado por detalhes e com uma ética de trabalho lendária. Do outro lado, Alexander Ovechkin, o explosivo russo com um disparo devastador e um instinto ofensivo quase animal, jogava como um rolo compressor, esbanjando paixão e celebrando cada gol como se fosse o primeiro.
Esse abismo entre eles, e a diferença entre um jogador frio como Crosby e um jogador totalmente movido pela emoção como Ovechkin, acabou por alimentar uma das maiores rivalidades individuais da história da NHL. Mas, diferente de outras rivalidades (como Gretzky vs. Lemieux, ou Roy vs. Hasek), essa se desenvolveu com os dois atletas em suas respectivas franquias por mais de uma década, enfrentando-se diversas vezes por temporada e se cruzando em séries épicas de playoffs.
Logo em seu primeiro ano, Ovechkin marcou 52 gols e venceu o Calder Trophy de melhor calouro da temporada. Crosby, com 102 pontos, também brilhou intensamente, e terminou como segundo colocado na votação. A disputa estava lançada.
A volta do interesse pelo jogo
The crowd tonight is 94,751, the second-largest in NHL history. pic.twitter.com/wmT7QRUl44
— Tom Orr (@TomOrr4) March 2, 2025
Crosby e Ovechkin rapidamente se tornaram rostos reconhecíveis. A NHL, antes tímida com marketing individualizado de atletas, passou a explorar essa rivalidade como parte de sua campanha de revitalização. Jogos entre Capitals e Penguins começaram a ganhar destaque nacional, e os confrontos entre os dois atraíam cobertura da mídia esportiva americana como não se via desde os tempos de Gretzky.
O auge dessa rivalidade e talvez o momento que melhor resume seu impacto na NHL, veio na série de playoffs de 2009 entre Capitals e Penguins. Os dois marcaram hat-tricks no mesmo jogo, em uma partida que é até hoje considerada uma das melhores da era moderna. Os Penguins levaram a melhor na série e eventualmente venceram a Stanley Cup, mas a verdadeira vitória foi do esporte: a audiência disparou, os debates sobre “Crosby ou Ovechkin” inundavam fóruns na internet e programas de TV, e os jovens torcedores estavam voltando para o hóquei, foi um marco na NHL como uma retomada do grande público e audiência na liga.
Legados no gelo
Ambos os jogadores eventualmente conquistaram seus títulos. Crosby liderou os Penguins a três títulos da Stanley Cup (2009, 2016 e 2017), sendo duas vezes o melhor jogador dos playoffs. Ovechkin, por sua vez, alcançou seu sonho em 2018, levantando a tão esperada Stanley Cup com os Capitals e sendo eleito o MVP da pós-temporada, além de bater o recorde histórico de Wayne Gretzky e ter se tornado o maior artilheiro da história da NHL com 895 gols marcados, até o momento.
Mas o que realmente diferencia Crosby e Ovechkin é o quanto suas carreiras se entrelaçam com a identidade moderna da NHL. Eles não apenas representaram dois times, eles representaram dois estilos, duas culturas, duas filosofias de jogo. E, ao longo de quase duas décadas, ambos mantiveram um nível de excelência raríssimo no esporte profissional.
Enquanto Crosby ficou conhecido como um dos maiores passadores e líderes da história da liga, Ovechkin entrou para os livros como o maior artilheiro de sua geração.
Sidney Crosby e Alexander Ovechkin não salvaram a NHL sozinhos. Mas sem eles, talvez a liga nunca tivesse conseguido se reerguer com tanta força. Eles foram mais do que calouros promissores, foram líderes de uma nova era. Rivais no gelo, ícones fora dele. E quando a história do hóquei for contada no futuro, seu capítulo conjunto estará entre os mais importantes e empolgantes de todos os tempos inspirando novos atletas e moldando o jogo de uma forma pouco vista antes.
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