
(Reprodução: ESPN.com)
Nada melhor que começar uma coluna nova sobre ser um “fantasista” fazendo uma breve introdução sobre o que é isso. Para você, caro leitor, que já ouviu falar do termo ou que nunca ouviu falar sobre, aqui vai a resposta mais simples possível: Fantasy game é um tipo de jogo nos moldes gerenciais onde a pessoa assume um time e o escala de acordo com as rodadas reais da liga a qual pertence — no Brasil o mais popular é o Cartola. A pontuação do time é marcada de acordo com o rendimento dos jogadores na vida real, assim criando mais um estímulo para acompanhar o esporte como um todo.
Nesse caso, como o TTG é um site sobre o nobre esporte gelado do hockey, essa coluna vai retratar capítulo a capítulo a saga de um time de fantasy hockey comandado por este que vos escreve. Com o sugestivo nome de Mighty Ducks da Lesão (o nome é auto-explicativo), parto para o ano 12 da liga que qual tomo conta desde 2020.
Desde que assumi a liga, instituí uma gerência mais presente com um incentivo de valor financeiro. Todos os treze membros pagaram um valor de inscrição no valor de 40 reais que será revertido na premiação dos três primeiros colocados, sendo o maior prêmio já dado na história dessa liga tão antiga.
Com isso, partimos para a pré-temporada onde realizo o sorteio da ordem do draft e das divisões usando o Random.org. Para o draft, fiz uma lista com os treze nomes e rodei treze vezes no randomizador, considerando o resultado gerado na última vez. Por sorte, fiquei com a primeira escolha no geral.
O draft seria realizado no formato “snake”, tendo 25 rodadas onde a ordem de cada rodada se alterna: nas rodadas ímpares teria a primeira escolha, nas rodadas pares, a última. Tendo duas escolhas seguidas após a primeira escolha geral, planejei ser mais agressivo no draft. Para as divisões, usei o mesmo processo, mas na última lista gerada separei as divisões entre números ímpares e pares. Assim, abri a votação para data e horário do draft, que acabou definida para dia 2 de outubro,com o início às 22:00h.
Cada time é formado por 25 jogadores: quatro centrais titulares, quatro alas esquerdo titulares, quatro alas direito titulares, seis defensores e um goleiro titular, e seis reservas – podendo ser formados por quaisquer jogadores de qualquer posição, exceto central e goleiro.
Centrais são limitados pois a ESPN coloca quase todos os jogadores como a posição, dificultando a montagem do elenco. Então, para estimular o uso de jogadores de outras posições, centrais são limitados a cinco e goleiro a dois pela dificuldade de todos os times terem ao menos um bom goleiro.
O draft
Tudo pronto e Discord ligado – um ritual antigo onde todos os membros se reúnem no discord para uma resenha completamente insana sobre o próprio draft. Por fim, abri a sala do draft no site da ESPN. A plataforma do fantasy é a ESPN, não é minha favorita, mas é a de uso mais fácil principalmente para iniciantes).
A pontuação da liga é um tanto diferente dos padrões usados onde valoriza-se pontuações secundárias (Chutes em gol, Hits, Blocks) e valoriza mais os goleiros., Nos últimos anos, os goleiros acabaram se tornando descartáveis, ainda mais nos dias decisivos dos playoffs.
Em razão disso, criou-se uma dúvida na cabeça deste que vos escreve sobre quem escolher na primeira escolha. Connor McDavid é o melhor jogador do mundo, ponto. Mas nessa liga, ele tem um concorrente à altura para melhor jogador da liga: Nathan MacKinnon. O central do Colorado Avalanche tem uma vantagem valorizada pela liga, pois é um jogador que finaliza mais vezes ao gol do que McDavid. Por essa razão, acabei escolhendo MacKinnon na primeira escolha geral.
Com MacKinnon escolhido, resolvi focar em alas com muitos chutes em gol, fugindo da minha característica anual de sempre montar a melhor defesa – defensores são extremamente valorizados nessa liga. Minhas segunda e terceira escolhas foram os alas-esquedo Kyle Connor, (Winnipeg Jets) e Jake Guentzel (Tampa Bay Lightning). Nas escolhas quatro e cinco, resolvi replicar a mesma tática, mas com alas-direito, pegando Jonathan Marchessault (Nashville Predators) e Adrian Kempe (Los Angeles Kings).
Só na sexta rodada fui escolher meu primeiro defensor. Durante uns oito anos, sempre escolhi Roman Josi (Nashville Predators) como principal defensor, mas esse ano ele saiu no primeiro round para outro time, magoando este pobre escritor que sofre de amor platônico por esse belo defensor suíço. O escolhido foi Erik Karlsson (Pittsburgh Penguins) pelas minhas projeções, o melhor defensor disponível naquele momento.

(Reprodução: AP Photo/Gene J. Puskar)
Na sétima escolha, fui de Clayton Keller, o ala-esquerdo do “Time Formalmente Conhecido Como Coyotes” (me recuso a falar o nome provisório de Utah).
Escolhi dois defensores nas escolhas oito e nove, tentando estabelecer uma espinha dorsal bem distribuída. Os escolhidos foram Kris Letang (Penguins) e Zach Werenski, o único bom defensor do Columbus Blue Jackets.
A partir da décima rodada, os jogadores costumam ser projetados para pontuações bem próximas, deixando o draft mais anárquico e com movimentos mais aleatórios. Pensando nisso, na décima escolha peguei Bryan Rust, ala-direito dos Penguins, e o central Mark Scheiffele, dos Jets na escolha onze.
Sabendo que já havia escolhido dois centrais, procurei focar nas outras posições. Nas escolhas 12 e 13 escolhi, fechando meus alas-direito titulares, Patrick Kane (Detroit Red Wings) e Thomas Harley, defensor do Dallas Stars.
Após isso, acabei traindo um pouco minha estratégia e peguei Ryan O’Reilly, central do Predators. Por ser um jogador de primeira linha e primeiro powerplay dos Preds, achei que poderia se tornar um steal – uma escolha de um jogador que caiu muito e que pode pontuar entre jogadores mais elites.
Na escolha seguinte, a 15, fui de Matthew Knies, ala-esquerdo do Toronto Maple Leafs, fechando os alas-esquerdo titulares e deixando o foco para o resto dos centrais, defensores, reservas e um goleiro (sempre deixo goleiros por último).
Na escolha 16, escolhi o defensor Aaron Ekblad (Florida Panthers), vendo como um outro possível steal e terminando os defensores titulares.
Na 17, fui com a escolha clubista #1 com o defensor Cam Fowler (Anaheim Ducks). Por mais que jogue no meu time, ele ainda está no primeiro par defensivo, joga no powerplay e ainda pode ser trocado para um time favorito ao título durante a temporada.

(Reprodução: Kyusung Gong/AP photos)
A escolha 18 foi a escolha clubista #2. Selecionei o “Center” (para a ESPN, todo mundo é central) Trevor Zegras, com uma bela foto de perfil na ESPN com mullets charmosos.
Na 19, escolhi um central de verdade em Matt Duchene (Dallas Stars).
Neste momento, restam seis escolhas. O foco agora foi nos reservas, procurando distribuir em todas as posições e dando maior prioridade para defensores (a posição com mais titulares para se escalar).
Com a vigésima escolha, fui na escolha clubista #3 e escolhi Pavel Mintyukov, defensor dos Ducks.
A escolha 21 foi outra possível steal em Andrew Mangiapane, ala-direito do Washington Capitals, que vai jogar na primeira linha com Alex Ovechkin e no primeiro powerplay do time.
Nas escolha 22, selecionei o ala-esquerdo Taylor Hall, torcendo para que ele possa jogar com Connor Bedard na primeira linha e primeiro powerplay do time da AHL Chicago Blackhawks (desculpem torcedores de Chicago, vocês sabem que esse elenco é nível AHL).
Na próxima, escolha 23, escolhi o defensor de ótima força nominal Janis Jérôme Moser (ou J.J. Moser para os mais íntimos) do Lightning.
Para fechar o draft, escolhi na rodada 24 Pavel Dorofeyev (Vegas Golden Knights). Listado como ala-direito, ele vai jogar de ala-esquerdo em Vegas, podendo ganhar a elegibilidade na posição assim “expandindo” minhas opções de banco. Para a ESPN, um jogador pode ser elegível para outra posição depois de dez partidas na nova posição.
E como minha última escolha, draftei Tristan Jerry, goleiro dos Penguins. Isso me fez repensar a escolha de tantos jogadores dos Penguins sendo que o time pode estar se encaminhando para a reconstrução.
A Free Agency
No dia seguinte após o draft, já estava de olho nos agentes livres (jogadores não draftados) e que podem ser selecionados por todos os times.
Diferente das free agency de ligas tradicionais, onde a qualquer momento os jogadores sem time podem ser escolhidos pelos managers, nessa liga institui o formato FAAB. Todos os times têm um orçamento de 100 dinheiros que podem ser gastos durante toda temporada regular e playoffs. Além disso, ao invés de poder pegar os jogadores livres a qualquer momento, nesse formato a free agency roda todo dia ao meio-dia. Os jogadores que tiveram lances recebidos serão designados aos times que postaram o maior lance possível.
Como Bryan Rust e Erik Karlsson estavam com status de lesionados, coloquei os dois na IR – quatro espaços onde se pode colocar jogadores machucados sem precisar dropa-los para pegar substitutos –, e botei um dinheiro no ala-direito Cam Atkinson do Lightning e no defensor Jeremy Lauzon dos Preds. Atkinson vai jogar na segunda linha e pode ter espaço no segundo powerplay de Tampa. Lauzon tem valor em Hits, podendo contribuir relativamente bem sem necessariamente marcar gol ou assistências.
Valenduuuuuuuu (leiam na voz de Gugu Liberato)
O fantasy começou oficialmente na sexta com o primeiro jogo da Global Series entre Devils e Sabres. Como esse texto é apenas um prólogo, deixarei para falar da primeira rodada do fantasy no próximo texto. A ideia da coluna é cobrir todas as rodadas com um texto por cada. Então, não teremos textos todas as semanas da temporada como na semana do all-star.
Bitoca no cérebro de todos e como diria Gerd Wenzel: TCHAU TCHAUUUUUUU!
** Texto escrito em Outubro
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