
Por que o New York Rangers fracassou em 2024-25?
O New York Rangers foi apontado como um dos favoritos antes da temporada 2024-25, o que nunca se concretizou de maneira alguma. A temporada foi de fracassos e questionamentos, trouxe velhos fantasmas de volta e outros problemas à tona. Os problemas são muito mais profundos do que as questões mais óbvias aparentes que ficaram escancaradas para todos verem, eles passam por todos os níveis dentro da organização.
A queda vertiginosa do New York Rangers lembra alguns dos piores anos dessa franquia quase centenária, uma época de frustrações e fracassos quase inexplicáveis. Assim como naquele tempo, o que aconteceu aos Rangers em 2024-25 é mais complexo do que a aparência superficial. Vamos começar a análise pensando no que aconteceu aos Rangers nessa temporada:
Um resumo da temporada 2024-25
O sonho da Stanley Cup em 2024 para os Rangers terminou na melancolia de mais uma derrota em final de conferência para um time da Flórida. Essa derrota foi vista como mais méritos de um oponente que estava mais pronto para vencer e ser campeão do que demérito dos Rangers, o que se mostrou verdade com o desfecho da temporada. O que não se percebeu em junho de 2024 é que o mesmo time que venceu o Presidents’ Trophy e chegou a encantar mais uma vez na pós-temporada estava prestes a desmoronar por completo.
Os Rangers iniciaram a temporada 2024-25 com vitórias e demonstrando força até o final do mês de novembro, depois disso o time foi ladeira abaixo tão rápido quanto poderia no final de 2024 muito abaixo do esperado. Em janeiro e fevereiro o desempenho melhorou muito e os Rangers voltaram a disputar vaga nos playoffs, no entanto em março o desempenho voltou a cair e o time passou a ser irregular. A vaga como wildcard na conferência leste foi se distanciando e, na reta final, ficou muito claro que esse time não iria a lugar algum.
Eles se mostraram incapazes de competir contra os times mais fortes da NHL durante a temporada. Enquanto impressionava e ganhava momento jogando contra os piores, as boas sequências terminaram nas mãos de equipes favoritas e no andar da temporada o destino dos Rangers parecia ser um entre dois: ou esse time seria eliminado sem chegar aos playoffs, ou chegaria aos playoffs para ser eliminado cedo.
A eliminação aconteceu. A grande virada esperada e necessária nunca veio, o momento nunca mudou completamente, o time que prometia muito conquistou apenas vergonha e humilhação.
Perguntas foram sendo feitas durante a temporada: Peter Laviolette deve continuar no cargo? Mika Zibanejad e Chris Kreider são bons o suficiente? Artemi Panarin é o jogador que você quer confiar na hora decisiva? Os talentos jovens dos Rangers são capazes de algo? Essas são apenas algumas perguntas que ainda não chegam perto da raiz do problema.
A franquia New York Rangers já viveu isso antes, algumas vezes durante sua história. No entanto, muitos dos pontos em comum do passado mais distante não servem para entendermos o agora. As responsabilidades de pessoas que ficaram para trás na história da franquia não precisam ser ponderadas para entender o momento, apenas das que ainda estão e são parte dos Rangers.
Os Dolan e a promessa de sucesso dos Rangers
Imagine um time que sofreu por mais de cinquenta anos sem vencer um título e um novo grupo começa a assumir sua administração. Esse grupo faz de tudo para o time vencer e acaba tendo sucesso logo que assume o comando. Além de tudo, eles têm os meios para replicar esse sucesso por anos, o que nunca acontece por alguns motivos muito óbvios e relativamente simples de se resolver. Imagine que esse mesmo time teria um declínio muito rápido, deixa de ser competitivo e passa anos sem sequer chegar aos playoffs, não importa quanto dinheiro gaste para reverter esse quadro.
Em 1993, o grupo Viacom incorporou a Madison Square Corporation, significado que se tornava dono do New York Rangers, Madison Square Garden e outras propriedades. O grupo Viacom nomeou James Dolan, filho do presidente na época Charles Dolan, para administrar a Madison Square Garden Corporation assim que assumiu o controle. James Dolan se envolveu diretamente nas negociações junto com Neil Smith, o general manager (GM) dos Rangers na época, na trade deadline de 1994. Os Rangers abriram mão de jogadores jovens para trazer medalhões como Glenn Anderson, Craig MacTavish e Esa Tikkanen, além de Stéphane Matteau, queridinho do treinador Mike Keenan. Os Rangers venceram a Stanley Cup em 1994, após 54 anos de suor e lágrimas, mas pagaram um preço muito alto por isso.

O time de 1993-94 sendo comandado por Mike Keenan (Foto: Bruce Bennett/Getty Images)
Mesmo vencendo o título, o ambiente de trabalho era terrível, tanto Smith quanto Keenan tinham métodos muito questionáveis de cuidar e administrar a equipe. Keenan saiu antes da temporada 1994-95, os Rangers continuaram competitivos e figurando entre os favoritos, isso até 1997. O time chegou a final de conferência naquele ano, mas falhou em se classificar para a pós-temporada de 1998 e continuou a falhar até o lockout de 2004-05. Smith continuou a cometer erros graves na administração do time, até que em 2000 James Dolan perdeu a paciência e o mandou embora.
Dolan foi o arquiteto para a contratação e recontratação de jogadores caros, mais velhos, que estavam entre o final do auge e o declínio como atleta. Os Rangers gastavam muito dinheiro sem sucesso algum, como exemplo podemos usar a temporada 2001-02 onde a folha salarial do time foi de US$64 milhões. Os Rangers foram 11º lugar na conferência leste naquela temporada, com a segunda maior folha salarial da liga. Em comparação, o Detroit Red Wings gastou em torno de U$66 milhões nessa mesma temporada vencendo o Presidents’ Trophy e a Stanley Cup.
A era Glen Sather
Glen Sather foi contratado como GM dos Rangers após a demissão de Smith do cargo. E começou o processo de reconstrução dos Rangers durante a temporada 2003-04 com uma das trocas mais controversas da história dos Rangers, enviando o grande ídolo e herói do time Brian Leetch para o Toronto Maple Leafs. Leetch estava nos anos finais de carreira e todos esperavam que ele se aposentasse nos Rangers. A traumática troca de Leetch trouxe valores importantes para os Rangers, no entanto, e foi a primeira ação em uma série de trocas para trazer escolhas de draft se livrando dos contratos mais caros.
Veio o lockout de 2004-05, mudanças nos paradigmas de montagem de elenco com a adoção do teto salarial começaram a atingir os times da liga. Os Rangers chamaram certo goleiro prospecto para compor o elenco em preparação para a temporada 2005-06 e assim Henrik Lundqvist entra na história do time para valer. O time ainda contava com Jaromír Jágr, a última troca arquitetada por James Dolan, no elenco e alguns talentos promissores. Era esperado que os Rangers tivessem problemas naquela temporada ainda, no entanto Lundqvist e Jágr fizeram mágica e levaram o time para os playoffs pela primeira vez em nove anos.
Sather escolheu contar com o draft para recrutar jovens talentos e também continuar a tradição de longa data dos Rangers de contratar estrelas caras como seu método de montagem de elenco. O modo pragmático do GM se refletiu nas políticas em como lidar com os jogadores, quem estava feliz ficava, quem não estivesse contente era só conversar com ele que Sather arrumava uma troca. Quem produzia ganhava contratos mais caros, quem não produzia recebia propostas de salário menor ou proposta nenhuma.

Glen Sather comandou os Rangers por mais de uma década com a benção de James Dolan (Foto; Dave Sandford/NHLI)
Com essa metodologia de administrar os Blueshirts, Sather conseguiu sucesso de certa forma. Do momento que Sather assumiu controle até sua saída do cargo de GM, os Rangers chegaram na pós-temporada onze vezes, foram pelo menos até a final de conferência em três temporadas e em 2014 disputaram a primeira final de Stanley Cup desde o título de 1994. Sather foi responsável por Lundqvist nos Rangers, assim como outros jogadores importantes nesse período como Chris Kreider, Marc Staal, Ryan Callahn e Ryan McDonagh. Ele foi a pessoa responsável por recolocar os Rangers entre os times mais fortes da NHL, no entanto não conseguiu dar o passo final e conquistar a Stanley Cup.
E esse não é exatamente o maior problema da era Glen Sather dos Rangers, mas sim os vícios que continuaram se repetindo. Glen Sather foi responsável direto por contratar jogadores veteranos caros que não renderam aquilo que se esperava, especialmente Scott Gomez e Chris Drury. Também fez um contrato ruim com Brad Richards, que apesar de não ter feito uma passagem tenebrosa nos Rangers como Gomez e Drury, o contrato saiu muito mais caro e longo do que deveria ter sido.
Uma das marcas que Sather deixou nos Rangers foram contratos longos, caros e arriscados que normalmente terminavam em buyout. Seu mandato como GM e presidente de operações foi de esperanças, pontos altos e baixos, com erros que custaram caro para a franquia especialmente no que diz respeito a todos esforços gastos para vencer uma Stanley Cup e os Rangers não terem conseguido isso.
Gorton e Davidson – A Esperança de Renovação
Sather deixou o cago de GM em 2015, a função foi assumida por Jeff Gorton. Gorton recebeu carta branca para iniciar uma reconstrução do elenco em 2018. Na temporada seguinte, Sather deixou também o cargo de presidente de operações e o New York Rangers trouxe John Davidson. Gorton e Davidson eram muito diferente dos dois últimos a ocupar seus respectivos cargos nos Rangers e trouxeram uma filosofia diferente de pensar e trabalhar.
Os Rangers, sob o comando da dupla, fizeram trocas e tiveram temporadas ruins para acumular o máximo de escolhas de draft possíveis. Em 2019, eles selecionaram Kaapo Kakko na segunda escolha geral; em 2020 foi a vez de Alexis Lafrenière ser escolhido como primeiro geral naquele draft. Kakko e Lafrenière eram o símbolo de uma nova era que se aproximava, uma era muito promissora.
O plano era uma reconstrução paciente e cuidadosa para que durasse por muito tempo, eles queriam que os Rangers fossem o próximo Avalanche ou Lightning. Encher o time de talentos jovens, contratar jogadores que rendessem mais pelo menor valor, esses são aspectos que nem sempre a franquia New York Rangers valorizou por toda sua história. E mesmo com a metodologia já comprovada na prática por outros times, quem estava acima de Gorton e Davidson preferia outro caminho.

A breve passagem de Gorton (centro) e Davidson (esquerda) no comando dos Rangers trouxe esperanças (Foto: Getty Images)
James Dolan foi lembrado da existência do New York Rangers quando o time assumiu a postura oficial de reconstrução profunda. Ele voltou a aparecer algumas vezes depois se chocando com a liga e, em 2021, teve uma ideia: os Rangers deveriam voltar à pós-temporada o mais rápido possível. Dolan pressionou os dois responsáveis pela administração e gerência do time para que tomassem atalhos, Gorton e Davidson até tentaram defender seu projeto em vão.
O presidente e C.E.O. da agora Madison Square Garden Sports e, por tanto, C.E.O. do New York Rangers também não teve paciência, um time fora dos playoffs é um time que tem menos atenção na televisão, não arrecada com transmissões, patrocínios, ingressos e merchandising, e não vence Stanley Cup. Os lucros e a copa são o que o grupo encabeçado por Dolan quer desde 1994 e ficar muito tempo fora dessa mina de dinheiro não agrada quem vive de lucros e dividendos.
Pensando nesses aspectos, James Dolan demitiu Jeff Gorton e John Davidson e recorreu a Glen Sather para decidir o próximo gerente geral e presidente de operações dos Rangers. O que foi um breve período de esperanças por uma nova era virou uma volta aos velhos hábitos.
Chris Drury e a receita para o desastre
Chris Drury foi um jogador de hóquei no gelo talentoso que decaiu na carreira após concussões. Drury se aposentou como jogador em 2011 e Glen Sather o transformou em seu pupilo, e como pupilo de Sather sua ascensão na organização foi rápida. Drury virou diretor de desenvolvimento de jogadores em 2015, no ano seguinte virou gerente geral assistente, em 2017 assumiu o cargo de GM no Hartford Wolfpack, afiliado dos Rangers na AHL. Drury virou gerente geral associado dos Rangers em 2021 e, após a saída de Gorton e Davidson, foi nomeado novo GM e presidente de operações dos Rangers.
Os primeiros dias de Drury como GM dos Rangers foram de contratos caros, mais longos do que deveriam e uma troca desastrosa envolvendo Pavel Buchnevich, um dos jogadores que deveriam ser prioridade para o futuro do time. Os problemas de Drury com jovens talentos, especialmente os vindos da Europa, começaram muito antes de assumir a gerência dos Rangers, como GM do Wolfpack ele se envolveu diretamente em dois incidentes com Vitali Kravtsov.
Vitali Kravtsov foi um talento selecionado na nona posição geral no draft de 2018, em 2019 foi para a América do Norte tentando um lugar no time principal dos Rangers. Kravtsov acabou mandado para Hartford e preferiu pedir para ser dispensado e voltar para a Rússia, Drury fez isso, no entanto Drury impediu que ele se despedisse dos colegas e mandou que fosse embora de forma ríspida. Meses depois, ele foi chamado para fazer parte do time dos Rangers na bolha de 2020, em Toronto, Drury não apenas chamou atenção do então prospecto em público, como levantou a voz para questionar o compromisso de Kravtsov na frente do time. Esse já era um motivo para ficar em alerta quanto a Chris Drury ocupando um cargo de gerência.

Chris Drury nunca mostrou o equilíbrio necessário para um cargo tão importante (Foto: Bruce Bennett/Getty Images)
Ainda em 2020, Lias Andersson também acabou rebaixado para o Wolfpack e depois emprestado para um clube na Europa. Naquele mesmo ano Andersson deu uma entrevista para um portal sueco mencionando experiências ruins e deixando a entender que foram problemas graves na sua passagem por Nova York e Hartford. O entrevistador chegou a perguntar diretamente sobre bullying, Andesson não confirmou e nem negou. Andersson foi trocado por uma escolha de segunda rodada no draft de 2020 para o Los Angeles Kings.
Já mais recente, Kakko foi trocado por Will Borgen e mais duas escolhas no draft. Filip Chytil foi envolvido numa troca com o Vancouver Canucks que trouxe J.T. Miller de volta para os Rangers. Kakko é um finlandês, Chytil tcheco, é muita coincidência para não se desconfiar até de uma xenofobia. A história já se repetiu muitas vezes para não ser considerado outro sinal grave das tendências problemáticas de Drury.
A toxicidade é ainda pior
As atitudes de Chris Drury a respeito de jovens jogadores europeus é apenas a ponta da pirâmide de toxicidade que existe dentro da organização New York Rangers. Começando pelo C.E.O. do time, James Dolan, que foi acusado em um caso de abuso e tráfico sexual envolvendo Harvey Weinstein. Esse caso envolvendo Dolan e Weinstein foi arquivado em setembro de 2024 devido a detalhes técnicos, porém a decisão do juiz pode ser revertida e o caso reaberto. Não foi a primeira acusação de que James Dolan sofreu, em 2007 uma ex-executiva do New York Knicks processou Dolan e os Knicks por esconderem um caso de assédio sexual, a vítima venceu o caso e Dolan foi obrigado a pagar parte da indenização.
Recentemente, em matéria no The Athletic, foi revelado que Artemi Panarin fez um acordo junto a Madison Square Garden Sports para pagar uma indenização a uma ex-funcionária dos Rangers em um caso de agressão sexual. Panarin teria pego o celular da vítima durante uma celebração de vitória do time fora de casa e dito que entregaria apenas se ela fosse ao quarto dele buscar. A vítima foi até o quarto e Panarin teria empurrado-a na cama, a mulher o empurrou de volta, pegou o celular e foi embora. Segundo a NHL, os Rangers pagaram uma firma independente para realizar investigação interna e informaram a liga do caso anteriormente, como manda os regulamentos.
A questão sobre os Rangers e James Dolan é se existem mais casos do tipo que ficaram em segredo, ou foram encobertos. Visto que o C.E.O. tem um histórico de acobertamento, não é difícil imaginar que esse caso de Panarin foi apenas o único, ou primeiro, a ser conhecido publicamente.
Voltando a falar de Chris Drury, já sobre a temporada 2024-25 o GM e presidente de operações literalmente abriu o time para negócios com todos os times da NHL envolvendo qualquer jogador no final de novembro de 2024. Foi um golpe no que já era um ambiente instável de vestiário, Drury insistiu em trocar Jacob Trouba, o então capitão do time, e Chris Kreider, o veterano com mais tempo no time. O homem responsável por gerir e administrar o elenco colocou um alvo nas costas dos dois principais líderes e, junto da atitude dele de negociar qualquer um, o vestiário rachou e o clima que já era ruim ficou pior. Trouba acabou trocado para o Anaheim Ducks no início de dezembro.
Drury trocou outros jogadores durante a temporada e nessas trocas os Rangers adquiriram o defensor Calvin de Haan. O defensor acabou disputando apenas três partidas pelos Rangers, fez três bons jogos e foi cortado sem motivo aparente ou explicação, o que levou de Haan a questionar o time publicamente nas redes sociais e declarar interesse em conversar com os jornalistas sobre sua situação e como se sentia. Ele foi mais um dos jogadores que recentemente demonstraram sua frustração com o time e deixaram claro que o New York Rangers é um ambiente tóxico.
Going to get ahead of this now…
I was hoping that I would have been able to express in a scrum setting versus a quote as I was going onto the ice and having it on the Internet 30 seconds later. I said what I said because I am frustrated , and any competitor who says that they…
— Calvin de Haan (@cal_dehaan) April 13, 2025
E a situação piora quando se olha para o treinador do time, ou melhor, para a frustração de dois jogadores a respeito de decisões tomadas por Pete Laviolette. Primeiro, Zac Jones, um defensor ainda jovem declarou que estava “apodrecendo com os Rangers”. Jones tem um histórico de entrar no time titular e depois ser substituído por algum veterano, e parte da sua insatisfação é por nunca ter consistência no time titular para se desenvolver completamente e sempre acabar deixado de lado. Outro jogador que sofreu com o afastamento por Laviolette foi Jimmy Vesey, veterano que disse “estar morrendo por estar aqui (nos Rangers)”, Vesey sentiu que ele poderia continuar cumprindo seu papel no time, no entanto foi preterido e deixado de lado sem explicações por Laviolette.
A responsabilidade cabe aos donos do time e presidente de operações, Dolan e Drury, que têm cada um seu histórico desfavorável nesse caso, para não usar outros termos. E Laviolette claramente tem parte da culpa sobre si também, apenas olhando para os três principais pilares da organização fica claro que os Rangers têm uma cultura interna muito tóxica.
Olhando para o histórico que os Rangers têm de autodestruição e queimar jogadores desde que a família Dolan assumiu controle da franquia, fica claro que esse é o fator mais decisivo para todos os fracassos e frustrações dos últimos 31 anos.
Existe uma saída para os Rangers?
Vimos as causas, sabemos das consequências, faltam soluções. A solução real e verdadeira para os Rangers é a família Dolan vender o time, seja como parte da Madison Square Garden Sports, ou até a parte. Eu não diria que esse é o sonho supremo e definitivo de todos os torcedores dos Rangers e Knicks, é apenas o sonho de algo em torno dos 99,99% dos torcedores dessas franquias esportivas. Isso parecia impensável um ano atrás, entretanto pode ser que uma dívida da MSG Networks, canal que transmite jogos dos Rangers, Knicks e outras equipes, leve James Dolan a um processo de falência, o que pode levar a venda de outros negócios do empresário incluindo o New York Rangers.
Caso o império da família Dolan não caia, os resultados da temporada dos Rangers podem ser o suficiente para mudanças drásticas internas. Tanto Chris Drury quanto Peter Laviolette ficaram expostos, para Laviolette o fim da temporada regular foi o fim da linha nos Rangers. Já Drury talvez tenha uma sobrevida no cargo.
É possível que internamente Dolan tenha dado carta branca para Drury fazer o que quiser e montar um time de acordo com o que ele acha que é a melhor maneira para vencer a Stanley Cup. Olhando bem para o que ele fez como GM do time foi um trabalho de desfazer tudo o que Jeff Gorton e John Davidson fizeram antes dele. Os jogadores jovens, habilidosos e velozes foram trocados por força bruta e uma tentativa de jogo mais pragmática e parecida com a época que Drury era jogador.
Drury também perseguiu os líderes do vestiário e claramente tem se esforçado em trocar Chris Kreider e, provavelmente, Mika Zibanejad também. Esses dois veteranos representam juntos US$15 milhões na folha salarial dos Rangers e suas saídas podem também representar uma economia importante na reconstrução. É necessário fazer distinções de um GM tentar trocar dois veteranos que ocupam uma parte importante do teto salarial de um GM que persegue jogadores e, no final das contas, Drury se mostrou o segundo.

Pode ser que os dias de Chris Kreider e Mika Zibanejad nos Rangers estejam contados (Foto: Elsa/Getty Images)
Então, qual seria o cenário mais provável para o futuro próximo dos Rangers? Vamos assumir que os Rangers não mudem de donos. Pode ser que Drury continue como presidente de operações e GM. Drury vai continuar seu trabalho tentando dar a cara ao time da forma que ele quer, ao mesmo tempo em que as histórias de insatisfação e toxicidade no ambiente de trabalho dos Rangers atingiram o público e podem influenciar em contratações no futuro e provável que Drury esteja planejando encontrar um jogador de nome importante no mercado para reforçar o time. Será que algum jogador de renome vai querer entrar em um vestiário com muitos problemas onde pode ser impossível impossível encontrar harmonia e cooperação para trabalhar e conquistar o objetivo de todos, que é vencer uma Stanley Cup?
E com a demissão de Laviolette, qual seria o técnico a assumir o comando da equipe? Drury mencionou que não descartaria um técnico novato para assumir os Rangers, o que não significa que o próximo técnico teria ideias novas. Drury tem uma filosofia de jogo e montagem de elenco parecido com o que era moda 20 anos atrás, quando Drury ainda jogava, não faria sentido ele contratar alguém que tivesse filosofias diferentes. E novamente seria um retorno a velhas maneiras que já não levaram os Rangers onde a organização queria chegar.
O ponto crucial para o New York Rangers não é errar, errar faz parte da natureza humana. O problema maior é continuar cometendo os mesmos erros sempre, errar igual e fazer dos erros um vício. Nos últimos 31 anos, desde que a família Dolan assumiu controle do time, os Rangers continuam dando giros de 360 graus e voltando para o mesmo ponto de sempre, com exceção de um período breve onde parecia que haveria uma mudança tão necessária nas filosofias como franquia. Pouco mudou de Neil Smith até Chris Drury, e mesmo que Drury saía o problema maior continua.
Mesmo com erros e defeitos em projetos de elenco e no gerenciamento, os Rangers já ganharam uma Stanley Cup em 1994, muito nos méritos de Mark Messier, Brian Leetch, Mike Richter e companhia. Os Rangers já poderiam ter vencido outra Stanley Cup entre 1994 e agora, chegaram perto algumas vezes, e podem vencer no futuro da mesma forma. A questão é que em 1995 se provou que o modelo não é sustentável e, mesmo assim, os responsáveis pela franquia continuam apostando em um modelo parecido, que basicamente tem algumas atualizações.
Apenas mudanças radicais na estrutura da organização poderiam dar ao Rangers não apenas um título, como um futuro mais sólido e a possibilidade real de ter um período dourado na história da franquia. Com a família Dolan, especialmente James, no comando fica mais fácil acreditar que a NHL vai estabelecer uma franquia em Imperatriz, no Maranhão, do que alguma mudança radical acontecer. Os problemas que estouraram em 2024-25 não são completamente novos, são parte da cultura e estrutura dessa franquia e não parecem que vão ser corrigidos tão cedo.
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