Possível mudança na elegibilidade da NCAA para jogadores da CHL

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O que começou como uma reportagem de Mike McMahon, do College Hockey Insider, se tornou uma colisão entre o mundo do hóquei universitário e a organização das principais ligas de hóquei júnior – a Canadian Hockey League. O envolvimento de qualquer atleta que tenha participado de um único jogo em uma liga júnior é regulamentada e restrita pela NCAA (Associação Atlética Universitária Nacional)

Existem nuances para entender a cisão entre as duas organizações, a começar pela versatilidade entre a liga júnior e sua associação aos times profissionais de alto nível. A CHL representa três ligas principais: Ontario Hockey League (OHL), Quebec Maritimes Junior Hockey League (QMJHL) e a Western Hockey League (WHL). Aos olhos da NCAA, esses jogadores se tornam inelegíveis devido aos estipêndios de seus contratos e por admitir atletas que já assinaram contratos entry-level com a NHL.  Isso a torna, pelo menos parcialmente, uma liga profissional. Para a NCAA, manter o “amadorismo” no atletismo universitário é uma prioridade.

 

Porter Martone, capitão do Brampton Steelheads, time da CHL. Reprodução/Charles Warburton

Em entrevista ao CTV News, Wayne Kosior do TrailBlazer Hockey Advisors comentou que  “jogadores de futebol universitário e basquete estão recebendo valores entre US$ 50.000 e US$ 100.000 por ano por seu nome, imagem e semelhança.” 

“Algumas pessoas simplesmente dizem: ‘Como é possível que um estudante universitário possa receber tanto dinheiro e ainda ser considerado elegível pela NCAA? Enquanto isso, um jogador da WHL que recebe US$ 250 ou US$ 300 por mês é considerado profissional.'” 

Explorar a possibilidade de abrir o hóquei universitário para os jogadores da CHL alteraria o panorama de prospectos de ambas as organizações de forma drástica. Mais de 1.500 entraram em campo pelas ligas júnior — a maioria não detém contrato com times de hóquei profissionais, o que os tornaria elegíveis para a NCAA. Em sua reportagem para o Grand Forks Herald, Brad Elliott Schlossman escreve que o “número de jogadores disponíveis explodiria na Europa, onde muitos iniciam carreiras profissionais cedo.” 

Já Elliotte Friedman em seu podcast 32 Thoughts afirma: “Estamos caminhando para um futuro onde os jogadores da CHL poderão jogar hóquei na NCAA. A questão é quando.”

Do ponto de vista da NCAA, os rumores não nutrem qualquer embasamento. 

“É um assunto morto.”

Jimmy Connelly, diretor executivo  de um dos maiores sites de hóquei universitário – o USCHO.com -, declarou que “não tem forte apoio entre os treinadores e diretores atléticos da Divisão I. Provavelmente um assunto morto.” Somado a este comentário, ainda de acordo com Grand Forks Herald, a Conferência Atlética do Eastern College realizou uma enquete informal para avaliar o clima e a resposta foi de oposição unânime. Não há apoio nem do corpo técnico nem do comitê da Big Ten. 

A questão da elegibilidade dos jogadores da CHL no hóquei da NCAA não está resolvida. Em seu X/Twitter, McMahon persiste em sua tese de que há muito para acontecer: 

“[O assunto] não está morto. Não seria a CHL indo ao tribunal, seria um jogador processando por elegibilidade, alegando que uma regra infundada lhe custou US $ 250 mil (ou mais) em bolsas de estudo.”

No dia seguinte, quarta-feira (14), um processo coletivo foi aberto no tribunal federal de Nova York; o Toronto Sun reporta que, para os advogados, o  principal sistema de hóquei júnior da América do Norte é um “cartel (que) suprime e padroniza artificialmente a remuneração, negando aos jogadores sua liberdade de escolha, liberdade de movimento e liberdade de jogar pelo clube de sua escolha”. Assim, não está em conformidade com a lei antitruste — o direito de concorrência — dos EUA.

A Associação Mundial de Sindicatos de Jogadores de Hóquei no Gelo encabeça o processo para anular as condições trabalhistas precárias. Devido aos jogadores juniores não possuírem um sindicato formalizado para a negociação coletiva com as ligas, a “ação judicial busca uma liminar declarando inexigíveis as restrições geográficas do draft, contratos e acordos em vigor”. 

Isaiah DiLaura, antigo goleiro do Prince George Cougars (WHL), se junta à injunção como parte lesada. Ele repudia o sistema de recrutamento involuntário: “Jogadores adolescentes continuam a ser tratados como objetos descartáveis, assim como eu fui. Espero que este processo acabe com isso.”

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